Carlos Pompe, jornalista, Pedro Luiz, presidendo do sindicato dos Urbanitários de Alagoas, José Cícero, presidnete do Sindicato dos Trab. Rurais de viçosa, o médico Sérgio Barroso e o advogado Ulisses Riedel.
O movimento sindical em Alagoas em
1980 já contava com alguns sindicatos comprometidos com a luta por liberdades
sindicais e democráticas. Resistindo às pressões e ameaças, organizaram o 1º
Encontro da Classe Trabalhadora (Enclat).
Os trabalhos de abertura foram conduzidos pelo líder sindical Pedro Luis
da Silva, presidente do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, Carlos Pompe,
jornalista paulista radicado em Alagoas, José Cícero, presidente do Sindicato
dos Trabalhadores Rurais de Viçosa, pelo médico Sérgio Barroso e pelo advogado
Ulisses Riedel.
O encontro aconteceu no auditório da
reitoria da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), na praça Visconde de
Sinimbu, e contou com a participação dos dirigentes sindicais eleitos,
delegados escolhidos pelas categorias e de ativistas e membros das oposições
aos sindicatos em que as direções eram pelegas, com fortes vínculos com o
patronato e o regime militar.
A ressalva a ser feita nesse caso é
pertinente: os dirigentes sindicais vinculados ao regime militar, muitos deles,
não todos evidentemente, prestavam serviço ao regime de exceção, passando informações
de atividades e sobre trabalhadores. Eram o que no jargão policial se denomina
de alcaguetes, dedos-duros, e alguns deles empregaram parentes em órgãos públicos
como recompensa pelos “serviços prestados”.
O advogado trabalhista radicado em Brasília
Ulisses Riedel proferiu a conferência de abertura do 1º Enclat. O operário
baiano Renildo Souza foi convidado pela comissão organizadora para participar e
ser um dos palestrantes no segundo dia do encontro. A presença de uma delegação de operários têxteis
de Rio Largo ao encontro deu visibilidade e fez com que os oradores na abertura se referissem aos
trabalhadores que lutavam para manter os postos de trabalho, pois os
empresários − descendentes do comendador Gustavo Paiva − anunciavam o
fechamento da fábrica de tecido. A demissão em massa representaria mais fome e
miséria para aquelas famílias da cidade de Rio Largo, o que de fato aconteceu
meses depois.
A mobilização em torno da manutenção
dos empregos e para que a direção da fábrica não continuasse a demitir, e muito
menos encerrar as atividades fabris, contou com o apoio e o acompanhamento de
várias lideranças de esquerda filiadas ao PMDB, a saber: o engenheiro Ronaldo
Lessa, o advogado Eduardo Bomfim, a médica e ex-presa política Selma Bandeira, o
jornalista Freitas Neto, o deputado estadual Renan Calheiros e os políticos
locais Antonio Lins de Souza, Francisco Rocha, Manoel Ciríaco Neto e o deputado
estadual Walter Figueiredo.
Entre os operários, dois se destacaram:
um jovem, Gabriel Correia, e José Graciano dos Santos, um veterano nas lutas
políticas e sindicais, aposentado depois de trabalhar quarenta anos na
Companhia Alagoana de Fiação e Tecido.
As intervenções vibrantes e
destemidas partiram de quem já acumulava experiência de perseguições e prisões,
no caso, o dirigente comunista José Graciano. O jovem operário também interveio
com veemência e teve destacada participação, principalmente nas articulações
com os dirigentes sindicais que ainda não haviam ido às reuniões em Rio Largo.
O Enclat atraiu alguns ex-dirigentes
sindicais destituídos das funções nos primeiros dias após o golpe de 1964 e durante
os anos seguintes. Estiveram presentes e contribuíram debatendo com a nova
geração de sindicalistas, assessores sindicais, dirigentes políticos e
militantes de partidos políticos clandestinos e do PMDB. Os ex-dirigentes eram: Rubens Colaço
Rodrigues, ex-presidente do Sindicato dos Rodoviários de Alagoas; Nilson
Miranda, ex-presidente do Sindicato dos Radialistas, há poucos meses chegado do
exílio; Alan Rodrigues Brandão, ex-presidente do Sindicato dos Petroleiros; José
Gomes da Silva, ex-dirigente do Sindicato dos Ferroviários de Alagoas e
Pernambuco; e Teófilo Lins, ex-dirigente do Sindicato dos Jornalistas.