Por: ANTONIO SAPUCAIA − desembargador
aposentado
Recebi, li e gostei enormemente de Cidade, o mais recente trabalho de Sidney
Wanderley. Seu livro é uma metrópole de bom humor, além de retratar, em pedaços
e com jocosidade, a cidade a que mais amo depois da Pilar em que nasci: Viçosa
de Alagoas. A hilaridade de que está impregnada cada crônica traduz-se em
meizinha predisposta a curar desânimo, fígado doentio, qualquer tipo de
melancolia e tristeza, salvo aqueles que exigem tratamento psiquiátrico. Teria
sido influência do farmacêutico Zé Aragão ou do médico José Pimentel de Amorim?
Conhecia o poeta de Chuva e não, Dias de sim e poemas outros espalhados em jornais da terra; conhecia o corregedor de textos e, em raras e felizes oportunidades, cheguei a conhecer um pouco o divertido orador. Mas esse cronista que nos arranca da mais arraigada casmurrice, que nos alegra e faz festa para a nossa alma, foi-me agradável surpresa. Restituiu-me ele, em lembranças, figuras como Zé Aragão, Zé do Cavaquinho, Sinésio Rodrigues, padre Jatobá, Manoel Acioli, com o seu andar desleixado que fazia coro com o paletó que lhe caía pelos ombros, e de quem adquiri alguns livros fiado, sobretudo exemplares da “Revista Forense”.
Conhecia o poeta de Chuva e não, Dias de sim e poemas outros espalhados em jornais da terra; conhecia o corregedor de textos e, em raras e felizes oportunidades, cheguei a conhecer um pouco o divertido orador. Mas esse cronista que nos arranca da mais arraigada casmurrice, que nos alegra e faz festa para a nossa alma, foi-me agradável surpresa. Restituiu-me ele, em lembranças, figuras como Zé Aragão, Zé do Cavaquinho, Sinésio Rodrigues, padre Jatobá, Manoel Acioli, com o seu andar desleixado que fazia coro com o paletó que lhe caía pelos ombros, e de quem adquiri alguns livros fiado, sobretudo exemplares da “Revista Forense”.
A leitura de Cidade me foi benéfica, em termos de recordações, merecendo
destaque a “Feira de Viçosa”, que expõe um retrato sem retoques, fotografada
que foi com muita fidelidade. Lamentei não encontrar uma crônica específica
sobre o rio Paraíba, com as suas pedras enormes e expostas em tempo de escassas
chuvas, escondendo o Schistosoma
invisível que só iria dar sinal de vida em alguns ventres inchados, que nele se
banhavam. “Conversa de suicidas”, que mistura o trágico e o cômico, é coisa de
causar inveja a Machado de Assis nalguns momentos de fina ironia. Que
conselheiro fabuloso revela-se o Sidney Wanderley numa rápida troca de
correspondência com um candidato ao suicídio! Nem mesmo os padres escaparam do
chiste bem construído pelo autor.
O bom mesmo é ler o livro todo num só
deitar de rede, como eu fiz, sem deixar para depois as “Coisas de jornal”, que
foram pescadas pelo autor em antigos jornais da cidade. Sidney Wanderley pintou
Viçosa usando vívida tinta de recordações e pincéis de graciosidade, o que
deixa o leitor de mão no queixo diante de Cidade,
já agora erguido nas livrarias.
Bom que o livro do Sidney, que vou correndo comprar, agora, nos revela esse excelente crítico literário, Antonio Sapucaia, que é coisa que faz muita falta na imprensa daqui. Parabéns para os dois.
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