José Inácio Acioli, Juca Pedrosa e Eduardo Correia
Foi registrado no cartório como José Inácio Acioli, mas toda a cidade e até as pedras das ruas, os paralelepípedos, o conheciam pelo segundo nome: Zé da Quininha. Aprendeu dois ofícios, o de ourives e o de relojoeiro. Trabalhou durante muitos anos. Não posso afirmar que tenha se dedicado integralmente, mas por bons anos foi das duas profissões que se manteve.
Quininha era, em geral, bem-humorado. O bom humor e a alegria contagiavam o ambiente onde estava. O pendor pela boemia era maior do que qualquer outra atividade, inclusive as de ourives e relojoeiro.
O silêncio que o trabalho de relojoeiro requer, a precisão na montagem e remontagem de engrenagens de relógios era, pois, incompatível com o seu temperamento. A solidão do trabalho causava-lhe certo desconforto.
Os dois ofícios, aprendeu quando jovem na condição de ajudante de outros profissionais na cidade de Anadia. Era num tempo em que não havia cursos profissionalizantes e a escola pública era restrita.
Autodidata em tudo na vida, também aprendeu a tocar violão e a cantar. Os seus mestres foram os boêmios que conheceu, e de muitos deles tornou-se amigo e, excepcionalmente, rival de alguns poucos. O motivo não foi a música, mas as mulheres. Não frequentou escolas, seguiu intuitivamente os ensinamentos dos sambistas Noel Rosa e Vadico, que dizem: “batuque é um privilegio/ninguém aprende samba no colégio [...]”
Exerceu cargos públicos. Foi eleito vereador algumas vezes, duas pelo menos. A atividade parlamentar não o atraía nem era encarada como uma labuta que lhe causasse constrangimento em faltar a uma sessão da egrégia Câmara Municipal de vereadores, quando o motivo da ausência fosse plenamente justificável: está se iniciando uma farra ou nela está há tempos embalado com o seu inseparável violão.
Esse tipo de sacrifício os seus eleitores não lhe pedissem tamanha renúncia. O mesmo acontecia se clientes fossem procurá-lo para trabalhar em meio à sagrada boemia. A resposta estava pronta: “Deixe na relojoaria e depois vá buscar”.
No entanto, chegou um tempo em que os ofícios de ourives e relojoeiro foram totalmente abandonados, pois recebera uma oferta irrecusável: um emprego como funcionário público. Agora, sim, teria todo o tempo possível e não haveria incompatibilidade de tempo entre a boemia e o trabalho. Passou a ter um salário pequeno, mas certo ao final do mês. Desta forma gastou os últimos anos de sua longa vida.
O repertório por ele definido era quase imutável. Não adiantava solicitar músicas novas, que estivessem, por exemplo, sendo tocadas nas rádios. Esse tipo de coisa deixava-o injuriado. Fazia que não ouvia. Caso o pedido se repetisse, dizia simplesmente que não sabia.
A marchinha “Lancha Nova” de João de Barros, o Braguinha, e Antonio Almeida foi lançada na década de trinta, ganhou os salões durante os carnavais. Mas, desde muito jovem, Zé da Quininha incorporou-a ao seu repertorio até o final da sua vida.
Os amigos de copo e de cruz, os boêmios de Anadia, subiram as duas ladeiras íngremes levando-o para o cemitério, entoando “Lancha Nova” e outras canções de que tanto gostava e cantava nas mesas, salas e no cabaré. Aliás, era no Pernambuco Novo onde melhor cantava, com mais desenvoltura.
“Ô, ô, ô, ô,
Lancha nova no cais apitou
E a danada da saudade
No meu peito já chegou
Adeus, oh! linda morena
Não chores mais, por favor
Partindo, eu morro de pena
Ficando, eu morro de amor.”
Geraldo de Majella
Foi registrado no cartório como José Inácio Acioli, mas toda a cidade e até as pedras das ruas, os paralelepípedos, o conheciam pelo segundo nome: Zé da Quininha. Aprendeu dois ofícios, o de ourives e o de relojoeiro. Trabalhou durante muitos anos. Não posso afirmar que tenha se dedicado integralmente, mas por bons anos foi das duas profissões que se manteve.
Quininha era, em geral, bem-humorado. O bom humor e a alegria contagiavam o ambiente onde estava. O pendor pela boemia era maior do que qualquer outra atividade, inclusive as de ourives e relojoeiro.
O silêncio que o trabalho de relojoeiro requer, a precisão na montagem e remontagem de engrenagens de relógios era, pois, incompatível com o seu temperamento. A solidão do trabalho causava-lhe certo desconforto.
Os dois ofícios, aprendeu quando jovem na condição de ajudante de outros profissionais na cidade de Anadia. Era num tempo em que não havia cursos profissionalizantes e a escola pública era restrita.
Autodidata em tudo na vida, também aprendeu a tocar violão e a cantar. Os seus mestres foram os boêmios que conheceu, e de muitos deles tornou-se amigo e, excepcionalmente, rival de alguns poucos. O motivo não foi a música, mas as mulheres. Não frequentou escolas, seguiu intuitivamente os ensinamentos dos sambistas Noel Rosa e Vadico, que dizem: “batuque é um privilegio/ninguém aprende samba no colégio [...]”
Exerceu cargos públicos. Foi eleito vereador algumas vezes, duas pelo menos. A atividade parlamentar não o atraía nem era encarada como uma labuta que lhe causasse constrangimento em faltar a uma sessão da egrégia Câmara Municipal de vereadores, quando o motivo da ausência fosse plenamente justificável: está se iniciando uma farra ou nela está há tempos embalado com o seu inseparável violão.
Esse tipo de sacrifício os seus eleitores não lhe pedissem tamanha renúncia. O mesmo acontecia se clientes fossem procurá-lo para trabalhar em meio à sagrada boemia. A resposta estava pronta: “Deixe na relojoaria e depois vá buscar”.
No entanto, chegou um tempo em que os ofícios de ourives e relojoeiro foram totalmente abandonados, pois recebera uma oferta irrecusável: um emprego como funcionário público. Agora, sim, teria todo o tempo possível e não haveria incompatibilidade de tempo entre a boemia e o trabalho. Passou a ter um salário pequeno, mas certo ao final do mês. Desta forma gastou os últimos anos de sua longa vida.
O repertório por ele definido era quase imutável. Não adiantava solicitar músicas novas, que estivessem, por exemplo, sendo tocadas nas rádios. Esse tipo de coisa deixava-o injuriado. Fazia que não ouvia. Caso o pedido se repetisse, dizia simplesmente que não sabia.
A marchinha “Lancha Nova” de João de Barros, o Braguinha, e Antonio Almeida foi lançada na década de trinta, ganhou os salões durante os carnavais. Mas, desde muito jovem, Zé da Quininha incorporou-a ao seu repertorio até o final da sua vida.
Os amigos de copo e de cruz, os boêmios de Anadia, subiram as duas ladeiras íngremes levando-o para o cemitério, entoando “Lancha Nova” e outras canções de que tanto gostava e cantava nas mesas, salas e no cabaré. Aliás, era no Pernambuco Novo onde melhor cantava, com mais desenvoltura.
“Ô, ô, ô, ô,
Lancha nova no cais apitou
E a danada da saudade
No meu peito já chegou
Adeus, oh! linda morena
Não chores mais, por favor
Partindo, eu morro de pena
Ficando, eu morro de amor.”
Figuraça!
ResponderExcluirPrezado Geraldo, bom dia!
ResponderExcluirConheça uma novidade para joalherias:
http://dinolitebrasil.blogspot.com.br/2012/07/ourives-designers-de-joias-e-semi-joias.html
Muito obrigada, abraços!