A cidade cresce e é possível observar de onde se quiser algo que se pode denominar de explosão imobiliária. Ruas e avenidas são abertas, condomínios são lançados, edifícios residenciais e comerciais são construídos e vendidos em cafés da manhã de luxuosas imobiliárias e construtoras em Maceió.
Os anúncios nas televisões e nos jornais impressos são cuidados pelos empresários como quem cuida de criança no berçário.
A classe média e os ricos vão às compras nos shoppings da cidade. As ruas e avenidas estão congestionadas em qualquer horário e dia da semana: são carros de todos os tipos, os populares em maior quantidade; motocicletas e bicicletas contribuem para o caos no trânsito.
Tudo isso é tido como um sinal de progresso e, mais que isso, de desenvolvimento. Os economistas identificam no crescimento da renda uma evidência do aparecimento de uma nova classe média. Aliado a isso proliferam faculdades particulares, com milhares de novos estudantes.
Duas universidades públicas estão à disposição: uma federal, a UFAL, e a outra estadual, a Uncisal. Diante desse universo de florescimento econômico e universitário, para ficar tão só nesses dois campos, o que dizer do sumiço das livrarias?
Uma atividade econômica tão importante como a de livreiro em Maceió, os números indicam ser de altíssimo risco. O índice de mortalidade é alarmante e, caso fosse numa atividade ligada à saúde, certamente o Ministério da Saúde do Brasil destacaria técnicos para estudar in loco o problema.
A última a fechar foi a Prefácio, que sucedeu a Nobel. Nas últimas décadas podemos lembrar, sem grandes esforços de memória, algumas que também fecharam: Livraria Ramalho, Castro Alves, Teotônio Vilela, Livro 7, Caetés e Segal.
O cântico dos mortos parece que foi entoado em relação às livrarias de Maceió. Esse réquiem parece-me acompanhado do “dai-lhes o repouso eterno”.
O livro vai continuar a existir como um bem cultural de valor inestimável em Maceió. Graças à persistência e dedicação do livreiro e editor João Luiz, pernambucano que criou a rede de livrarias Nossa Livraria, primeiramente em Recife e depois em Maceió, mas que infelizmente faleceu no sábado de carnaval. A sua obra continuará por meio dos seus filhos, da sua esposa e dos seus funcionários nas duas cidades.
A rede nacional de livrarias Laselva/Sodiler tem duas lojas na cidade, uma no aeroporto e outra no Shopping Maceió.
Os livros continuarão a existir porque os donos de sebos (para alguns) e alfarrábios (para outros) persistirão em vendê-los. São dezenas de bancas e lojinhas no entorno do Paredão da Assembleia Legislativa, mais o sebo Dialética, do poeta e compositor Marcos de Farias Costa, situado em Jaraguá, na Rua Uruguai nº 110, e o Alfarrábio do Roberto, na Rua Santos Pacheco, no Centro.
Vida longa para os sebos de Maceió e de todo o mundo.
O livreiro João Maria Pereira sócio da Livraria Caetés.
Norton Sarmento,Roberto e o escritor Paulo Ronai
João Maria e os clientes
Adorei o texto,Majella!
ResponderExcluirQue haja leitores,livrarias, e livreiros!
Que as pessoas entendam que CULTURA é vida.
Beijão,
Cidinha
Caro amigo, Vc esqueceu da UNEAL que luta bravamente por se manter. Fazendo o reparo.
ResponderExcluirGrande abraço
Em tempo e para justeza: excelente e oportuno texto.
ResponderExcluirCristina, mas como eu iria exsquecer da Uneal? O meu foco nesse texto é Maceió. A Uneal( anitga Funesa) jamias me saiu da cebeça.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário.
GEraldo de Majella
O número de livrarias, parece, está diminuindo no Brasil inteiro, e para mim isso é uma grande pena, pois adoro ir a livrarias. Mas o número de livros vendidos no Brasil tem aumentado. Será que em Maceió também?
ResponderExcluirDei uma passadinha no nosso conterrâneo Iremar e te encontrei...
ResponderExcluirNão saio mais daqui!Rs.
Boa semana, Majella!!!
Parabéns Majela. Nossa memória histórica da Maceió que vivenciamos.
ResponderExcluirLembro-me de tudo isso.
Os companeiros; Djalma Cahêt, Paulo de Jesus Brito ( Backunin ), Marcos de Farias Costa, Norton Sarmento, Silvio de Macedo, etc...
a livraria do Eron ( eron livros ), também era basranre frequenrada.
Saudades imensas!
muito boa a sacação da morte dos livros numa época em que o tempo é precioso e a informação globalizada.
ResponderExcluiré verdade... difícil se comentar sobre um livro legal que se está lendo, de uma capa bem transada, de uma editora preferida...
fica um saudosismo de esperar por livros bacanas que se encomenda, das surpresas de agradáveis descobertas nas prateleiras das livrarias
se isso está acontecendo com os livros, imagina com as músicas de qualidade... em épocas de Rebolation, essa desgraça chamada swingueira entre outras baboseiras, tem destruído qualquer possibilidade de execução de boas músicas, dos bons compositores e arrasado com o espaço deles nos meios de comunicação para a divulgação do que é bom.
melhor mesmo é viver num claustro, numa bolha, dentro de casa; sair desse mundo louco de gente medíocre e se livrar da ausência absoluta de quase tudo que faz a vida valer à pena.
Esse fenômeno ocorre apenas para as lojas físicas. O Brasil está lendo cada vez mais. Está ocorrendo uma migração das lojas físicas para as lojas virtuais. Sou livreiro, e estou percebendo isto a cada dia. Vendo cada vez mais, para o Brasil inteiro.
ResponderExcluirMajella
ResponderExcluirSOU NETA DE MANOEL JOAQUIM RAMALHO PROPRIETÁRIO DAS
LIVRARIA RAMALHO E GOSTARIA MUITO DE TER INFORMAÇÕES
SOBRE A LIVRARIA MORO EM SALVADOR E NÃO CONHECI
MEU AVÔ, POIS QUANDO NASCI ELE JÁ TINHA FALECIDO ADORARIA MANTER CONTATO DE QUEM VIVEU A ÉPOCA ÁUREA
DA LIVRARIA E SE TEM ALGUNS ARTIGOS OU FOTOS DA MESMA
E COMO PODERIA OBTER ESSAS INFORMAÇÕES SOUBE TAMBÉM QUE LIVRARIA PUBLICOU UMA REVISTA CHAMADA ALAGOAS EM 1938
Olha, tem algumas referências a Livraria e Editorqa Ramalho n o livro: Pequeno Guia Histórico das Livrarias Brasileiras de Ubiratan Machado. Edição da Ateliê Editorial,2008.Páginas 97 e 98.
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