Fernando Costa e o padre Manoel Henrique
(*) Geraldo de
Majella
A Comissão
Estadual da Verdade Jayme Miranda, coordenada pelo Padre Manoel Henrique
Santana, realizou a primeira sessão de depoimentos de vítimas e familiares da
ditadura militar brasileira. Aconteceu no auditório do Museu da Imagem e do Som
(MISA), no bairro de Jaraguá. Dois depoentes convidados compareceram: a
advogada Ezir Colaço, irmã do ex-preso político e dirigente do antigo Partido
Comunista Brasileiro (PCB), Rubens Colaço Rodrigues, e o funcionário público e
advogado Fernando José Barros Costa, ex-preso político e militante do Partido
Comunista Revolucionário (PCR).
O padre Manoel
Henrique Santana, coordenador-geral da Comissão Estadual da Verdade (CEV),
dirigiu os trabalhos. Estiveram presentes e contribuíram com perguntas os seguintes
membros da CEV: a professora Alba Correia, a economista Marivone Loureiro e os
advogados Everaldo Patriota e Delson Lyra.
Fernando Costa foi preso em 1973 na praça da
Faculdade de Medicina em Maceió. Era, à época, estudante de medicina da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), e sofreu tortura por dias seguidos.
Foram-lhe aplicados choques elétricos, espancamentos, sendo por diversas vezes
colocado no pau de arara.
A prisão foi realizada por uma guarnição do
20º Batalhão de Caçadores (20-BC), comandada pelo sargento e torturador Canaã. Inicialmente foram presos Fernando e seu irmão
Jeferson Costa. Em seguida, os militares do 20º BC estiveram na sua residência,
no bairro do Prado em Maceió, e prenderam o pai, a mãe, um outro irmão e um
primo.
Os estudantes
Fernando e Jeferson Costa foram torturados, segundo afirmou Fernando Costa, nos
antigos galpões da Petrobras, localizados no Tabuleiro do Martins. Nesse ano (1973),
ocorreram outras prisões: os irmãos Breno e Denis Agra, Norton Sarmento, Paulo
Newton de Azevedo, Miriam Soares Ferro, Vera Costa, Denisson Menezes, os
médicos Luiz Nogueira Barros e Hélia Mendes, entre outros.
Estiveram presos
na carceragem da Polícia Federal, Dops e no Quartel do 20º BC. Foram condenados
à pena de seis meses de prisão, cumprindo-a no antigo presídio São Leonardo, em
Maceió.
(*) Historiador
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