sábado, 4 de setembro de 2010

Clube do Samba

Wilma Araújo, Igbonan Rocha e Marise Leão

Geraldo de Majella

O outrora aristocrático Jaraguá Tênis Club é um clube que se tem destacado − faz muito tempo − na formação de tenistas. Esporte identificado com a elite em qualquer canto que se encontrem adeptos. O clube tem sua sede social no mais boêmio dos bairros de Maceió, Jaraguá.

O bairro foi revitalizado e passou por transformações quase impensáveis diante do descaso a que foi submetido durante décadas. O casario em grande parte ainda permanece com as características de quando foi construído. Hoje, além da Associação Comercial, que passou por uma completa restauração, muitos prédios foram recuperados e tiveram outras destinações: faculdades, escritórios, sede de associações de classe, com as Federações da Agricultura e a Federação dos Trabalhadores – Fetag, bares, boates, galerias, agências bancárias, correios e o Museu da Imagem e do Som – Misa.

O Jaraguá foi durante muitos anos um bairro onde não se dormia; os prostíbulos da cidade se concentravam nas ruas principais, secundárias e nos becos. Os marinheiros, portuários e quantos desejassem curtir as noitadas nas farras e orgias tinham em Jaraguá o ambiente ideal.

A movimentação dos freqüentadores e moradores, entre eles as prostitutas, durou até o final da década de 1960, quando a Secretaria de Segurança Pública ordenou a mudança das boates, bares e prostíbulos da região portuária para uma área da cidade completamente desabitada, o Canaã.

O Jaraguá Tênis Club, que era vizinho dos cabarés, resistiu e presenciou o declínio do bairro. Quando Jaraguá passou a ser restaurado, era tarde: o declínio dos clubes na cidade já era uma evidência. Os seus dias de glória são coisa do passado e fazem parte da história da cidade. O clube hoje vive da tradição e da escolinha de tênis.

Os cantores Wilma Araújo e Igbonan Rocha criaram o Clube do Samba, o palco e o salão do Jaraguá Tênis Club. Essa iniciativa de cantar samba, de atrair admiradores do ritmo e oferecer a oportunidade para centenas de casais dançarem é, em tempo de pagodeiros e sertanejos bregas, louvável.

E no Clube do Samba não importa saber se o samba nasceu na Bahia ou no Rio de Janeiro; lá, o que importa é que as mulheres tenham molejo na cintura e os homens, samba nos pés. Ao criar o espaço lúdico batizado de Clube do Samba, a dupla de sambistas oferece ao público uma alternativa nova, para dançar e agregar ainda mais os sambistas de Maceió.

As gerações mais novas não vivenciaram as noitadas de samba na quadra da Escola de Samba Unidos do Poço. Os moradores do Poço, Jaraguá e de outros bairros frequentavam a quadra da Unidos do Poço, sambavam e muitos também desfilavam no carnaval pela Escola. O Clube do Samba não foi criado para substituir uma Escola de Samba, mas para alegrar a vida de muitos amantes do samba e garantir algum dinheiro para os cantores e os músicos.

As vozes de Wilma e Igbonan cantam o que há de melhor no samba; o repertório inclui os sambas de compositores da velha guarda, os fundadores do samba do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e de outras partes. Mas seria muito bom a dupla incluir no repertório sambas feito por compositores alagoanos.

A produção dos compositores Ricardo Mota, Juvenal Lopes, Marcos de Farias Costa, Chico Elpídio, Ibys Maceió, Robson Amorim, Gustavo Gomes, Fernando Marcelo, entre outros, é significativa e está disponível, gravada em CDs.

2 comentários:

  1. Querido Majella, em nome de todos que fazem o CLUBE DO SAMBA DE MACEIÓ, agradeço as belas palavras a nós dirigidas. Somos amantes deste ritmo que é uma unanimidade nacional "quem não gosta de samba bom sujeito não é...".
    Pode ter certesa que em breve estaremos incluíndo no nosso repertório um bloco inteiro de Sambas Alagoanos.

    Nós do CLUBE DO SAMBA agradecemos!!!!!!!

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  2. Caro Majella: sou de Maceió e nasci no bairro do Jaraguá, na rua Melo Póvoas. Guardo nas ventas o cheiro da lama e do açúcar demerara que pesava no ar do bairro. Meus olhos de menino ainda espreitam aquelas mulheres inalcançáveis. O muro do cemitério ainda me dá medo. Infelizmente, minhas idas a Maceió são curtas, fins-de-semana gastos com o que me resta de família por aí. Não tenho contato com os poetas, escritores ou artistas daí, salvo por intermédio de Deise, minha prima, que ensina na curso de letras da UFAL. Visitar seu blog serviu para me aproximar de uma Maceió que não conheço. Quem sabe, na minha próxima viagem, possamos nos encontrar. Um grande abraço. Ronaldo Monte.

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