domingo, 13 de março de 2011

Carnaval em Maceió, por que, não?










OH! BELA

Frevo-canção de Capiba

Você diz que ela é bela,
Ela é bela, sim, senhor,
Porém poderia ser mais bela
Se ela tivesse meu amor, meu amor.
Bela é toda a natureza, ô bela,
Bela é tudo que é belo, ô bela,
O sorriso da criança,
O perfume de uma rosa,
O que fica na lembrança.
Belo é ver o passarinho, ô bela,
Indo em busca do seu ninho, ô bela.
Todo mundo se amando
Com amor e com carinho
Uns sorrindo outros chorando
De amor.



Geraldo de Majella

“Maceió é a cidade para se descansar durante o carnaval.” Todos sabemos que uma mentira, depois de ser muitas vezes repetidas, acaba passando como se fosse um fato verdadeiro. Mas quem são os interessados na difusão dessa mentira? Os hoteleiros? Nego-me a acreditar em tão risível coisa. Não consigo entender e muito menos achar que isso é algo inteligente para ser dito.
Mas já ouvi muitas vezes autoridades em público categoricamente afirmarem tal coisa. Dos empresários ouvi sutilmente dizerem que durante os festejos momescos, os hotéis estão ocupados. Menos mal.

As festas em todos os lugares do mundo são caminhos certos de atração de rendas, de riquezas, além, óbvio, de prazer e alegria. Com o carnaval não é diferente. Mas parece que em Maceió estão – e não é de hoje, já faz bastante tempo − querendo cristalizar uma grande mentira, e o povo em boa hora está dando sucessivas respostas, que são sinais de vitalidade a cada ano.

As prévias carnavalescas estão crescendo ano após ano; antes, na cidade, tínhamos os famosos banhos de mar à fantasia, sempre no domingo que antecedia o sábado de carnaval.

Blocos animando milhares de foliões que, frevando no asfalto da avenida da Paz e na areia branca da praia, se esbaldavam. O Poder Público apoiava, mas era a espontaneidade do povão, com toda a irreverência possível, que alegrava e abria triunfalmente o nosso carnaval.

A Polícia Militar, através do Bloco Vulcão, animava o Banho de Mar à Fantasia. Dito assim parece que estou sendo saudosista, mas não. Estou apenas trazendo uma referência histórica. Essas eram as prévias − como o nome sugere era assim que se abriam os carnavais de Maceió, durante muitas décadas, desde tempos imemoriais.

Evidentemente que houve mudanças, tanto de local como no modo de a população brincar no carnaval. O corso, por exemplo, existiu numa época em que o automóvel era uma novidade na sociedade alagoana e brasileira. Hoje, certamente, o corso não teria o apelo que já teve no passado.

A conversa, hoje, é outra. O Pinto da Madrugada, o maior e mais famoso bloco de Alagoas, tem levado para a avenida Antonio Gouveia, na Pajuçara, milhares de foliões. Nunca na história dos nossos carnavais tamanha multidão acompanhou animadamente um bloco de carnaval.

O Pinto é o maior e o mais encantador, mas o que dizer de dezenas de outros blocos que desfilam garbosamente pelas ruas de Jaraguá e pelos bairros da capital? Os Desempregados, bloco organizado pelos moradores do Benedito Bentes, tem desfilado com milhares de foliões, moradores do bairro.

O que eu denomino de circuito Jatiúca−Santo Eduardo tem os seus blocos tradicionais: Os Inocentes e o Bloco da Gal, em Jatiúca, a Confraria do Rei, no Santo Eduardo, arrastam foliões dançando pelas ruas dos bairros.

O presidente da Liga dos Blocos de Maceió, Edberto Ticianelli, vem se dedicado desde a sua fundação, em 1991, para que na cidade se organize o carnaval, antecedido pelas tradicionais prévias.

Mas existe algo ainda não identificado, pelo menos por mim, que trabalha ferozmente contra a ideia saudável de em Maceió haver carnaval com blocos, orquestras, grupos de maracatus, cirandas, bois, onde o frevo seja o ritmo predominante durante os festejos de Momo.

Atentem bem. Se existem e desfilam em Jaraguá, e em outras áreas da cidade, cerca de 130 blocos – esses são os inscritos na Liga −, sem que houvesse qualquer apoio significativo do poder público, imaginemos com o mínimo de apoio efetivo.

E o que dizem os gestores públicos da área? Turismo e cultura andam juntos em todos os lugares do mundo, mas aqui em Alagoas estão dissociados. Esse divórcio vem provocando sistematicamente o empobrecimento da população.

A racionalidade econômica diz que os empresários deveriam ser os principais interessados, creio que indo além do Poder Público, da prefeitura e do governo do Estado. Os hoteleiros podem ampliar os seus negócios, os distribuidores de bebidas e refrigerantes, água mineral, sucos etc., também certamente ampliariam os seus negócios. Os varejistas de um modo geral, os supermercados, para ficar nesses apenas, ganhariam bem mais.

A economia advinda do carnaval seria robustecida em Maceió e em Alagoas. Os ambulantes ganhariam porque comprariam mais produtos industrializados nas redes varejistas e, após os festejos do carnaval, suas contas bancárias estariam mais recheadas.

A municipalidade e o governo do Estado, destino natural dos impostos, certamente ficariam mais bem colocadas na fotografia do carnaval de Maceió e de Alagoas.

O fio condutor, para mim, é a economia. A Liga dos Blocos, blocos individualmente e até figuras de expressão da cidade, devem se unir para apresentar uma proposta de organização do carnaval de 2012 aos representantes das entidades do comércio e das indústrias de Alagoas. Em seguida seria a vez desse grupo procurar o Poder Público.

Um comentário:

  1. A característica mudou – deixou de ser uma festa totalmente popular, namoros e encontros, fantasias, criatividades e descontração desprovidas, perdeu a sua essência de povão. Assim disse Luís Câmara Cascudo (folclorista), “o carnaval, era compartilhado, dançado, pulado, gritado, catucado. Agora não é mais assim, é para ser visto”.

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