quarta-feira, 20 de julho de 2011

A música e o violão de José Luiz Pompe










Geraldo de Majella

José Luiz Pompe [1955], jornalista e músico, nasceu em Sorocaba−SP, no dia 6 de março de 1955, filho de Oscar Pompe e Anna Christina Leite Pompe. O casal teve cinco filhos: Terezinha, Hélio, José Luiz, Carlos e Maria Aparecida. A música, quando José Luiz nasceu, era uma atividade amadora na família Pompe, mas aos sete anos de idade, ao passo que era matriculado na escola primária, passou a ter aulas de piano clássico, sob os cuidados da primogênita Terezinha Pompe.
Porém o que lhe chamou a atenção foi “seu” Oscar dedilhando no violão “Abismo de Rosas” e “Marcha dos Marinheiros”. O tempo foi passando, e o violão se tornou uma grande paixão, agora sob a influência de Hélio, seu irmão, que toca baixo no conjunto de bailes do Seminário de Sorocaba. Desistiu das aulas de piano com Terezinha, adotou o violão, instrumento que, junto com outro irmão, Carlos, passou a estudar.
A decisão de aprofundar os estudos de violão foi tomada na certeza de que poderia se aprimorar no domínio do instrumento e, quem sabe, se tornar um violonista profissional. Mas para tanto haveria de sair da então tranquila Sorocaba e do convívio familiar, no início da década de 1970, para se matricular no respeitável Conservatório Carlos Gomes, de Tatuí (SP).
Quando adolescente, em Sorocaba, reunia os amigos em torno de seu violão, numa atitude de contestação política à ditadura militar, cantando músicas como “Calabouço”, do paulista Sérgio Ricardo, “Apesar de você”, de Chico Buarque, “Viola enluarada”, dos irmãos Marcos e Sérgio Valle, e muitas outras do gênero. Tocar violão e cantar passaram a ser desde muito cedo uma atividade lúdica e quase profissional.
Antes de 1978, ano em que veio morar em Maceió, participou de festivais de música no interior de São Paulo, musicou − em Curitiba (PR) − a trilha do filme “Catadores de papel”, de Homero Carvalho (premiado em Fortaleza como a melhor trilha sonora), e também compôs para peças de teatro, entre elas o jogral “Cantaremos”, de Walmor Marcelino.
“Enfrentávamos então o frio de Curitiba, quando revi um postal da ensolarada Maceió enviado pelo nosso amigo Mauro Braga, ator teatral alagoano que morou em Sorocaba e que tinha retornado a Maceió. Decidimos visitá-lo na capital alagoana, onde continuo até hoje (meu irmão Carlos Pompe voltou para São Paulo em 1981 e atualmente mora em Brasília)”, revela Pompe.
Em 1977, morando em Curitiba, passa a ter militância política ingressando no Partido Comunista do Brasil (PCdoB), organização em que militou até 1983. Continua com militância na esquerda, mas sem filiação partidária.
Fez parte da direção executiva do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas em dois períodos seguidos, nas gestões de Dênis Agra como presidente, no início dos anos 1980.
As influências musicais mais significativas são obras de Chico Buarque, Beatles, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gil, Tom Jobim e Erasmo Carlos. A beleza da composição desses artistas brasileiros que ganharam dimensão internacional está aliada ao sentido de contestação da ordem vigente tanto no Brasil, que vivia sob uma ditadura militar desde 1º de abril de 1964, como no mundo, onde a guerra do Vietnã se tornou uma fonte de contestação à política belicista norte-americana.

As noites nos bares

O trabalho como músico nas noites de Maceió começou em meados da década de 80, quando integrou o grupo Opsom Quatro, que contava ainda com Almir Lopes, Aécio e Ferreirinha. Esse período foi de grande efervescência nas noites e na boemia de Maceió. Tocou no Caldo Verde e, entre tantos mais, em três dos mais frequentados bares com música ao vivo: London London, Calabar e Marina Morena.
Ao lado do parceiro Ricardo Mota, com quem compôs algumas músicas e para quem fez alguns arranjos, participou do III Festival de Música da Ufal, defendendo “Legião dos condenados” (música incluída no LP gravado na Rosenblit, em Recife). Uma das parcerias com Mota é “Bossa incidental”, incluída no repertório do show “Bossa Nova”, ao lado da consagrada Hilda Costa, intérprete que cantou com grandes nomes como Vinícius de Moraes e Toquinho.
O músico carioca Mauricio Tapajós o convidou para participar, no Rio de Janeiro, em 85, do III Congresso Nacional de Músicos, evento competentemente comandado pelo músico Aquiles, do MPB4. Esse foi um momento muito importante em sua carreira artística.
Em mais de trinta anos de atividade profissional em Alagoas, fez parte de vários grupos, como o Quinteto Harmonia, que teve a seguinte formação: Beto Batera, Everaldo Borges, Paulão do Baixo e João Teba, que tocava instrumentais, MPB e músicas internacionais.
O trio “PAZ” (Pompe, Almir e Zailton) foi outro grupo, também nos anos 80, que cantava canções dos Beatles entremeadas por versos narrados por Paulo [Poeta] Pedrosa.
No grupo acústico “Violas são da lei”, a voz e o violão de Luiz Pompe interpretam rock’n’roll e baladas nacionais acompanhados por Marco Túlio (violão doze cordas), João Paulo (violão seis cordas), Leo (baixo) e Orris (bateria).
A vida profissional foi sempre dividida entre as redações de jornais e assessorias e a atividade como músico Na condição de assíduo frequentador do Babasom, flertou com o rock’n’roll e manteve a música popular como uma constante em sua vida. Em companhia de Allan Bastos, montou o show cover “Chico & Caetano”; e com João Paulo o cover “Chico & Beatles”; com Lene, Zé Português, Zailton e Carlos Bala, interpretou “Duetos de Chico”.
Em 2009 levou ao palco do Teatro Linda Mascarenhas com o parceiro Rui Agostinho um show com músicas próprias e de outros autores. “Samba & tango”, com Pompe e o argentino Nestor Dalmao − consagrado pianista que acompanhou Astor Piazzola em discos e turnês – mesclou clássicos argentinos e brasileiros numa mesma apresentação.

Parceiros
As parcerias que mantém são com o poeta Pablo Carvalho, com o jornalista, cantor e compositor Ricardo Mota, com o cantor e compositor Macléim Carneiro, com o compositor e publicitário Herman Torres e com José Pedro Antunes e Rui Agostinho.
As composições que se destacam são: “Debaixo de chuva” (samba de breque), “De máscara na cara” (frevo), “Regional” (chorinho), “Negra cela”, “Elenira”, “Bossa incidental” (Pompe/ Ricardo Mota), “No rojão do mundo” (Pompe/Pablo Carvalho), “Disco-voador e rock’n’roll” (Antunes/Oscar/Pompe), “Solo de coração”, “Ainda é tempo” (Pompe/Rui Agostinho), “Merecimento” (Pompe/Macléim).
As suas muitas composições, embora apresentadas com frequência em shows, ainda não foram gravadas, mas o serão em breve e farão parte do CD que está sendo produzido sob direção de Allan Bastos.
Tem participado de alguns trabalhos como vocal e acompanhado o solo de violão de dois CDs de Ricardo Mota.

Jornalismo
Iniciou-se no jornalismo como editor nacional /internacional do Jornal da Indústria e do Comércio do Paraná Ltda., no período de fevereiro de 1977 a dezembro de 1977, em Curitiba. Em Alagoas trabalhou em vários jornais impressos, diários e semanários, revistas e rádios, nas funções de repórter, redator noticiarista, editor setorial e editor. Trabalhou na redação da Gazeta de Alagoas, Tribuna de Alagoas, Jornal de Alagoas, O Jornal e semanário Extra, e foi editor da Revista Alagoas. Ainda trabalhou como assessor de imprensa do Instituto do Álcool e do Açúcar, e desde 2009 é o editor do Portal de Blogs e Notícias Tudo Global. Foi assessor parlamentar no Senado Federal, de dezembro de 2001 a janeiro de 2007.

Fontes:

Arquivo do Autor
José Luiz Pompe

Um comentário:

  1. Maravilha, Majella! Essa é a descrição mais completa já publicada sobre o itinerário de minha vida! Obrigado!

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