domingo, 14 de agosto de 2011

Amizades

Geraldo de Majella

Amizades se fazem durante a infância e juventude. Pode parecer uma frase de efeito, mas não é, pelo menos eu penso assim. Durante a vida, longa ou breve, cada um de nós evidentemente que pode conquistar amizades, no trabalho, na vida militar – para os que foram ou são militares −, etc. É possível ficarmos muitos anos sem que encontremos um amigo sequer da juventude, quando vivíamos intensamente as farras, brincadeiras, viagens, peladas. E quando acontece o reencontro é como se retornássemos àqueles anos de convivência diária.

A vida nos obriga a tomarmos caminhos diferentes, e perdemos os laços que eram tão próximos, íntimos, até. Não temos notícias um do outro. O reencontro é algo renovador, restaurador. As lembranças dos anos em que fui estudante – nas três fases: primário, secundário e universitário – são recorrentes. Muitas vezes uma palavra nos transporta para um tempo que achávamos adormecido em nossas memórias.

Os quatro anos vividos como estudante no Colégio Marista de Maceió deixaram marcas em minha vida. Jamais os esquecerei por completo, a não ser que o Alzheimer, esse maldito alemão, se apodere de mim. Mas como o meu santo é forte, dou-lhe um pontapé no saco e ele sai rápido de perto. Vai baixar em outra freguesia.

Nunca participei de eventos nostálgicos, não sou dado a esse tipo de convivência. Mas como continuo morando em Maceió, e morar em cidade pequena significa, entre outras coisas, encontrar com pessoas conhecidas, vez por outra me encontro com o Waldson Peixoto, amigo desse tempo. Em geral, na sorveteria Bali. E ele sempre com a ideia de reunir a turma, pois anos se passaram sem que nos encontrássemos com frequência.

A minha resposta foi sempre afirmativa, mas intimamente não me via presente nesse tipo de ação. Até que o mundo virtual do Facebook me aproximou de inúmeros amigos de quem não ouvia falar e de alguns de quem não me lembrava. A minha memória nunca foi boa o suficiente para memorizar nomes de pessoas, e quando se trata de quantidade. então me sinto órfão. Recorro à malandragem, do tipo: “e aí, tudo bem, meu irmão”. Ou à mais usual: “Ah, quanto tempo não nos vemos, vamos marcar um encontro”. E não passava disso.

Agora me vejo completamente comprometido com um ambiente que já não é mais virtual, mas real. O primeiro encontro, que denominamos de preparatório do Encontrão, foi uma maravilha de rememoração de acontecimentos. Creio, até, que foi um estagio de regressão, não digo ao útero, mas à infância e à adolescência, já tão distantes. Afinal, somos mulheres e homens, alguns avôs, outras avós, uns casados, outros descasados, outros casados por mais de uma vez, mas todos ávidos por lembranças de fatos comuns às nossas vidas de adolescentes.

No dia do encontro preparatório, Alagoas ficou submersa; mesmo assim um grupo de cerca de 20 pessoas saiu, cada um em seu bote, e foi ao Divina Gula, beber e comer e jogar conversa fora.

O incrível de tudo isso, pouco ou quase nada tratamos de nossas vidas pessoais ou profissionais na atualidade. Quanto a essa fase, sinto não ter criado nenhum tipo de curiosidade ou mesmo de interesse. Queríamos era reviver um tempo a que jamais voltaremos, a não ser quando o rememoramos, e nada mais.

A página criada no Facebook, Alunos do Marista 1979, tem sido alimentada com avidez, e para minha surpresa, muitos comentários sugerindo como devemos realizar o Encontrão. Preciso ressaltar o papel de duas figuras que no meu entendimento têm sido fundamentais para agregar os amigos: o Waldson Peixoto e a Thereza Vieira.

Há também os que mantêm acesa a chama: é o caso do Omar Coelho, do Plínio Goes, da Tereza Holanda, da Aline Marta, do Sérgio Costa, do Alberto Jorge, do Sérgio Quintela, do Aderson Mendonça e do Elton Rocha, entre outros.

Enquanto não chega o dia do Encontrão, continuaremos a brincar como se fossemos adolescentes, através do Facebook, prosseguindo na busca dos amigos que ainda não foram contatados.

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