quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A mulher do colante lilás

Geraldo de Majella

Os cuidados com a saúde têm sido assunto de todos em todos os locais, públicos e privados, nas empresas, botequins e nas fazendas, nas capitais e no interior. O Brasil é um país onde há uma real preocupação com a saúde. Os médicos não se cansam de recomendar os necessários cuidados para se ter uma vida saudável.

O bem não amanhece nas televisões. Podemos visualizar apresentadoras loiras e saradas dizendo o que devemos fazer para manter a saúde: caminhadas regulares, pelo menos três dias por semana, durante uma hora, de preferência em locais agradáveis. Além das providenciais recomendações de que teremos de reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas; gorduras trans, nem pensar, pois esses venenos matam o sujeito pelo simples fato de pensar em ingeri-los (o açúcar deve ser substituído por adoçantes), arrematando com a severa reprimenda: fumar faz mal, adverte o Ministério da Saúde.

Os programas não perdem o foco: vida saudável. A minha meta é alcançar, pelo menos, a metade da idade de Matusalém. Há programas nas tvs pagas exclusivos e destinados às diversas faixas etárias, seja melhor idade, crianças, adolescentes, bem como para os de meia-idade. Os que desejam viver bem têm de comer melhor. Aliás, essas são as condições sine qua non para atingirmos a melhor idade em boa forma.

Obediente às orientações médicas, tenho acordado cedo, disposto a superar qualquer tipo de obstáculo que venha a causar transtorno à minha frágil saúde. Nunca me imaginei tão frágil assim. Mas diante das consultas médicas a que venho sendo submetido anualmente fiquei com essa impressão, ou certeza, melhor dizendo. Tenho caminhado regularmente cerca de seis quilômetros nos sete dias da semana.

Sinto que tem havido melhoras consideráveis na minha condição física, mas o que mais me faz sentir bem é quando os meus olhos avistam a mulher de roupa colante. Não é mais uma ninfeta, está na casa dos quarenta; para ser mais preciso: passa dos quarenta e cinco anos.

A turma de cinquentões que caminha disciplinadamente todos os dias segue as recomendações dos cardiologistas: passos largos e olhos atentos ao movimento; o que faz mudar o papo descontraído é uma mulher que se veste sempre com colantes, variando apenas as cores. Para eles evidencia-se a preferência dela pelo lilás, embora todos estejam convictos de que ela tem mais de uma peça no seu guarda-roupa.

O corpo da mais admirada entre tantas mulheres que caminham na orla de Maceió, pelas manhãs, apresenta curvas perfeitas, bem definidas, e que são atraentes de longe ou quando se aproxima num cadenciado jogo de pernas e sensualidade que muitas vezes quebra o ritmo da caminhada dos seus indisfarçáveis admiradores matutinos.

A mulher de colante lilás não precisa seguir as recomendações das apresentadoras loiras das tvs; ela é sarada e cuida bem da saúde, não se deixar iludir pelo merchandising dos programas televisivos. O corpo escultural, cheio de sensualidade, que vem e passa todas as manhãs pela orla de Jatiúca é, para os cinquentões, o melhor remédio para o controle da pressão arterial, regula o colesterol nas suas duas vertentes, HDL e LDL, além de exercer um fantástico estímulo para se viver bem e com saúde.

Caminhar pela manhã faz bem à saúde − é uma recomendação do meu cardiologista.


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