O senador Teotônio Vilela e Denis Agra
Fidel Castro em Havana reunido com um grupo de sindicalistas brasileiros.
Denis Agra esteve presente representando os jornalistas brasileiros.
Denis Jatobá Agra
[1950-1992], jornalista,
nasceu em Viçosa-AL e faleceu em Maceió. O casal
Fleurange Jatobá Agra[ ] e Mario Lopes Agra[
] tiveram quatro filhos: Denis, Breno Jatobá Agra, Eliane Jatobá Agra e
Mário Agra Júnior[1955]. Iniciou os seus estudos em Atalaia (seria bom colocar
o ano) numa escola rural da fazenda Timbó, onde cursou o primeiro ano, no ano
seguinte foi para Viçosa, onde estudou o segundo ano, sendo transferido para
Maceió. Na capital foi estudar no internato do Colégio Marista durante cinco
anos, onde estuda até o 2º ano cientifico. O curso científico concluiu no
Colégio Moreira e Silva, já que nos Maristas o curso cientifico foi
extinto.
O seu desejo inicialmente era cursar
jornalismo. Mas como não havia jornalismo na UFAL em 1969, dez anos após é que
foi criado o curso. A escolha feita foi pelo vestibular de Medicina. Aprovado,
iniciou nova vida nos bancos da UFAL. A participação no movimento estudantil
muda de secundarista para universitário. As lutas estudantis mobilizavam
parcela dos estudantes e nesse contexto Denis cada vez mais se aproximava da
militância clandestina de esquerda no curso de medicina e em outros cursos.
O Partido Comunista Revolucionário –
PCR, organização fundada em Recife pelos alagoanos Manoel Lisboa de Moura,
Valmir Costa e Selma Bandeira, tinha alguns militantes e simpatizantes no
campus da UFAL. O estudante de engenharia Ronaldo Lessa, era a ligação entre os
estudantes de Alagoas e os dirigentes do PCR em Recife.
A situação política vinha se
deteriorando cada vez mais em dezembro de 1968, o ditador Costa e Silva,
anuncia o Ato Institucional nº 5 – AI-5. Esse ato sela com as últimas brechas
de liberdade ainda existentes no país. As manifestações estudantis realizadas
em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo eram reprimidas em Maceió também
ocorriam manifestações, atos de protestos contra prisões e processos
instaurados contra estudantes.
Denis Agra foi eleito presidente do
Diretório Central dos Estudantes – DCE para o biênio 1971/72, tendo Eduardo
Bonfim, na secretária-geral. Mas as lutas desenvolvidas pelas lideranças no
âmbito da UFAL estavam circunscritas ao universo de resistência a falta de
liberdade. Imperava o AI-5 e o decreto 477 dois instrumentos de força que a
ditadura utilizou para coibir as ações dos estudantes e de qualquer pessoa que
ousasse se posicionar contra o regime militar.
Casa-se pela primeira vez com a
estudante de medicina Denise de Medeiros Agra [1950], com quem tem quatro
filhos, Clarissa de Medeiros Agra[1974], Candice de Medeiros Agra [1976],
Carolina de Medeiros Agra [1978] e Denis Jatobá Agra Filho [1981]. O segundo
casamento é com a dentista Maria de Fátima Oliveira Carvalho[1954]. Dessa
relação nascem duas filhas, Camila de Carvalho Agra[1990] e Carina de Carvalho
Agra[1991].
Prisões
A ditadura militar apertou o cerco para desmantelar
o PCR em 1973. As prisões ocorriam desde o estado do rio Grande do Norte,
atingiu a Paraíba e Pernambuco – principal base e onde os mais importantes
dirigentes do partido atuavam e moravam clandestinamente. As atividades
públicas da pequena e aguerrida militância do PCR deu sinais através de
pichações em muros de avenidas movimentadas e em ginásios de esportes.
O serviço de informações atuava no
campus da UFAL e não demorou a prender os estudantes com vinculações com o PCR.
Foram presos os irmãos Fernando José Costa Barros e Jeferson de Barros Costa,
Denisson Cerqueria de Menezes, Norton de Morais Sarmento Filho, Flavio Lima e
Silva, Paulo Newton, Breno e Denis Jatobá Agra, assim como os médicos Luiz Nogueira
Barros e Hélia Mendes. Nogueira, havia sido preso em abril de 1964. As
acusações imputadas pela polícia política do regime a ambos dizia que mantinham
ligações com o principal dirigente do PCR, o alagoano Manoel Lisboa de Moura.
Quando todos foram presos em Alagoas,
Denis se encontrava no Rio de Janeiro passando férias. Quem o avisava das
prisões por telefone era o seu irmão Breno Agra, que depois também foi preso.
“[...] chegou a à sede da Policia a Federal
acompanhado de um advogado. O clima era de apreensão, porque, nessas questões
de segurança, não sabia como funcionava o sistema internamente. Os
interrogadores deram um extenso questionário e Denis passou o dia inteiro
respondendo. No final da tarde, o delegado ficou em duvida se o liberava para
responder pelo suposto crime em liberdade, ou se o mantinha detido nas celas da
repressão.[...] inicialmente, passou 23 dias isolado numa cela. Depois ficou
fazendo companhia a um camponês do Rio Grande do Norte, que também era
militante do PCR. [...] Eles achavam que o prisioneiro alagoano tinha papel de
relevância no comando do partido. A suspeita foi fortalecida em razão da
ausência de Denis no Estado, quando forma (ou foram?) desencadeadas as prisões.
Na verdade, coincidiu com as férias. As explicações não convenciam. Resolveram,
enfim, partir para o método clássico do regime: a tortura.”[1]
Depois de amargar dias de
torturas, Denis Agra foi colocado num veiculo do Exército e levado de volta à
Maceió, com parada no quartel do 20º Batalhão Caçadores. Antes, quando o
levaram para Recife, esteve preso na guarnição do Exército. O Dopse “ recepcionou”
o preso e em seguida o transferiu para o presídio São Leonardo. O período em
que esse grupo de estudantes e profissionais liberais esteve preso foi de cerca
de sete meses. A conquista da liberdade o deixou fora da universidade enquanto
cumpria a suspensão aplicada pelo decreto 477, em seguida, voltou a cursar
medicina, mas não concluiu o curso. Mudou radicalmente a sua vida e foi ser
jornalista profissional.
Majella,
ResponderExcluirParabéns novamente, alguém tem que se preocupar com a nossa memória, infelizmente aqueles que viveram os árduos dias da ditadura se olvidam de fazê-lo, necessitamos trazer a tona as nossas memórias para que nunca voltem a acontecer os dias negros da ditadura. No entanto, data venia, como você próprio diz no texto “seria bom colocar o ano” ou mesmo quando carinhosamente você lembra-se da presa Hélia, e diz “é bom colocar o sobrenome dela”. Isso claro as titulo de colaboração, o texto é bastante claro, a memória se aguça e relembra a convivência com Denis, Freitas e outros companheiros, êpa, companheiros não, CAMARADAS que é acima de companheiro..
Um abraço Camarada.
Sapucaia.
Sapucaia, obrigado pela observação pertinente. Fiz a devida correção.Obrigado.
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