domingo, 2 de maio de 2010

Jornalista, poeta e cantor

Marcus Vinicius trabalhando como desenhista
Marcus Vinicius fotografado na biblioteca de sua casa

Os jornalistas Zadir Cassela e Marcus Vinicius

Marcus Vinicius e Reinaldo Costa no Bar da Jaqueira

Geraldo de Majella

Marcus Vinicius Maciel Mendonça [1937-1976], jornalista, poeta, compositor e desenhista, nasceu em Pão de Açúcar, Alagoas, no dia 14 de fevereiro de 1937. Filho de Aldemar de Mendonça e Zelina Alves Maciel. Estudou inicialmente em Pão de Açúcar. Em 1949, transferiu-se para Maceió, onde continuou os estudos. O seu primeiro emprego foi no extinto Fomento Agrícola, órgão do Ministério da Agricultura, na função de desenhista, em 1955.

Mas foi como jornalista e músico que se tornou uma figura conhecida e querida dos boêmios e da intelectualidade alagoana a partir da segunda metade da década de cinquenta. Em 1959, entra para o Diário de Alagoas, órgão do grupo político do governador Sebastião Marinho Muniz Falcão.
Foi com o pseudônimo de Ícaro que ficou conhecido na imprensa de Alagoas, tanto no Diário de Alagoas como na Gazeta de Alagoas, para onde se transferiu em 1964, sempre encarregado pela edição do que na época se chamava de “Sociedade”, e que depois passou a ser a coluna social.

Já conhecido nas rodas sociais de Maceió, figura requisitada para as festas, reuniões e bailes nos principais clubes da capital alagoana, Ícaro era um dos mais importantes e assíduos frequentadores do Bar Jaqueira. Os seus amigos de boemia e música eram Aldemar Paiva, Nelsinho Almeida, Bercelino Maia, Reinaldo Costa, Juvenal Lopes, Setton Neto, entre outros.

A sua permanência na imprensa diária durou cerca de quinze anos [1955-1970]. Foi em 1970, ano em o Brasil conquistou o tricampeonato mundial de futebol, que deixou de trabalhar como jornalista profissional e retornou à antiga função de funcionário público federal como desenhista do Ministério da Agricultura.

O radialista, compositor, humorista e escritor alagoano Aldemar Paiva, um dos seus melhores amigos, escreveu a respeito, ao saber que Marcus Vinicius havia morrido de câncer na noite do dia 7 de maio de 1976:

“Ícaro, ele se assinava assim, o meu amigo Marcus Vinicius Maciel Mendonça, 39 anos, jornalista, seresteiro das Alagoas.

Meu amigo de Maceió morrendo às 23 horas do dia 7, seu corpo sendo levado para o Parque das Flores. Um lugar lindo, que andei visitando outro dia, em Maceió. Lugar bom para se ficar enterrado. Comércio de flores... Ouvindo orações... Tranquilo, belo, sossegado. Ali está Ícaro, o meu amigo.

Ícaro pegava o violão com o mesmo desembaraço com que usava a máquina de escrever e compunha. Ele não queria ser um profissional. Era o seresteiro anônimo.”

A nota triste foi Marcus Vinicius não ter conseguido deixar registrado em forma de disco a sua voz. Pesou talvez para Marcus e para muitos outros as dificuldades financeiras e práticas em gravar um long-play (LP). Resta-nos a memória dos que conviveram e ouviram a voz desse importante intérprete alagoano.

Fontes: Pão de Açúcar – Cem anos de poesia – Coletânea. Etevaldo Amorim [organizador], Ecos Gráfica e Editora, Maceió, 1999, p. 65/66.

8 comentários:

  1. Majella, importantíssimo este registro sobre o jornalista e músico Marcus Vinicius, que estava meio esquecido.

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  2. Meu caro Iremar, o nosso propósito é o de não deixar que os artistas alagoanos sejam esquecidos.
    Geraldo de Majella

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  3. Majela, seu Blog é ótimo. Registra a memória de Alagoas. Um espaço muito importante para a pesquisa histórica.
    O Marcos de Farias Costa, além de ser um grande poeta é um pesquisador das diversas manifestações artísticas do Brasil.
    Será que ele tem algum amterial do nosso César Rodrigues. César, também foi um interprete maravilhoso... América,Terra do sol...
    Quanta saudade!!!

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  4. Chico, vou procurar saber se ele dispõe de material que fale do grande César Rodrigues.
    Obrigado pela participação.
    Geraldo de Majella

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  5. Parabéns, Majella! Obrigado pela referência e pela homenagem ao conterrâneo Marcus Vinícius.

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  6. Excelente Blog, Magela

    Como membro da comissão do resgate do jornalismo alagoano agradeço a contribuição do companheiro à cultura e ao jornalismo alagoano.

    Geronimo Vicente
    jornalista

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  7. Sinto-me muitissímo honrado em ter como filho da minha plaga outrora denôminada Jaciobá "terra do sol espelho da lua" Uma História de tamanha relevância emocional e poetica : Marcos Vinicius, só apartir do blog ou seja dessa inciclopedia cultural tive a oportunidade de conhecer e desfrutar desta emocionante viagem ao tempo de Vinicius. Parabéns Magella Parabéns Pão de Açúcar.
    Por: Clayton Alves Rocha

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  8. Conheci marcos vinicius com 6 anos de idade. Meu avo Eduardo Cerqueira, conhecido como Cebolinha, sempre frequentou o bar da jaqueira e estivemos la poucas vezes, era lugar de verdadeira boemia, cerveja, musica, poesia, gente de muitas tribos. As vezes todos iam comer o caruru de minha avó Alba, as vezes marcus vinicius, aldemar paiva, otavio Santiago, acompanhavam meu avô cebolinha na rua da floresta, par comer debaixo da mangueira la de casa. Onde podia se encontra as vezes silvio caldas, Emilinha borba. Marcus vinicius uma vez fez uma musica de natal para mim e gostava de me acompanhar aos 7 anos eu cantando "a praça". Me lembro como se fosse hoje.
    Silvana Cerqueira CHamusca

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