Freitas Neto e Lula em 1979 no salão Nobre da Academia Alagoana de Letras
O golpe civil-militar de 1º de abril de
1964 atingiu a todos, parlamentares, juízes, ministros, religiosos, advogados, operários, trabalhadores rurais,
portuários. Em Alagoas a antiga Cadeia Pública “hospedou” centenas de
patriotas, homens e mulheres. As prisões, as cassações de mandatos
parlamentares, a suspensão dos direitos políticos e as torturas tiveram início
nas primeiras horas e se seguiram por 21 anos [1964-1985]. O jornal A Voz do Povo foi destruído, os
jornalistas, gráficos e diretores foram presos e outros passaram a viver na
clandestinidade. É o caso de Silvio Lira, secretário de organização do PCB e
diretor do semanário comunista.
O Sindicato dos Jornalistas, fundado em
1958, havia elegido diretores comprometidos com as causas democráticas e favoráveis
às reformas de base, inclusive a reforma agrária. O golpe prendeu os principais
dirigentes; a Delegacia Regional do Trabalho [DRT] e o comando golpista em
Alagoas passaram a controlar as atividades sindicais dos jornalistas. Não só
dos jornalistas, mas de todos os sindicatos.
Em dezembro de 1968, quando entra em
vigor o Ato Institucional nº 5 [AI-5], o terror é estendido para todos os
setores, e só em 1978/1979 os jornalistas mais comprometidos com as liberdades
democráticas retomam o controle político do sindicato ao eleger uma diretoria
negociada, na base, entre os jornalistas conservadores e os combativos. O
jornalista João Vicente Freitas Neto é o nome escolhido pelos seus
companheiros.
É o passo inicial para as mudanças na
categoria e na campanha por liberdades em Alagoas. Nesse mesmo período os
radialistas também conseguiram se articular e retomam a diretoria das mãos
pelegas. Os radialistas elegeram Adelmo dos Santos e uma diretoria combativa.
Os dois principais dirigentes sindicais das categorias (jornalistas e
radialistas) se tornaram em poucos meses as referências para os democratas que
estavam se rearticulando na Universidade Federal (movimento estudantil) e em
várias categorias de trabalhadores. É o caso dos urbanitários, que elegem Pedro
Luiz da Silva para presidir o Sindicado dos Urbanitários de Alagoas.
Outros sindicatos foram ressurgindo das
cinzas. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Viçosa e Capela, cujos presidentes
foram assassinados por motivação política. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais
de Pão de Açúcar é outro bom exemplo de resistência. O fato de estar localizado
numa região violenta e onde a última liderança do coronelismo dominava a cidade
e uma imensa região do sertão alagoano diz bem de sua relevância.
Os jornalistas, em 1979, realizaram em
Maceió o XVII Congresso Nacional da categoria. Este evento converteu-se num
importante palanque para que fosse denunciada a censura à imprensa e as prisões
de jornalistas; no encerramento do congresso foi lida a Carta de Maceió. O
jornalista e radialista Haroldo Miranda, irmão mais velho do dirigente do PCB,
jornalista Jayme Miranda, leu uma carta em nome da família, na qual denunciava
o desaparecimento do líder comunista.
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