O vereador Josias de Souza Marques e o candidato a senador Mendes de Barros, em Anadia-Alagoas, em 1970.
Resistência à Ditadura em Alagoas IV
A campanha eleitoral de 1970 foi o
primeiro momento de mobilização eleitoral após a edição do Ato Institucional nº
5 [AI-5], em 13 de dezembro de 1968. A partir desse instante o Brasil passou a
viver a institucionalização do terror de Estado.
A campanha eleitoral contou com dois bravos candidatos ao senado pelo
Movimento Democrático Brasileiro [MDB], naquela eleição duas vagas estavam
sendo disputadas. O MDB escolheu o professor Aurélio Viana e o advogado Mendes
de Barros. A ditadura apresentou dois ex-governadores, Luiz Cavalcante e Arnon
de Mello. Vitória eleitoral do governistas. Pressão, prisões e cassações de
mandatos parlamentares e suspensão dos direitos políticos eram a armas da
ditadura. O segundo momento foi em 1974; novamente o MDB apresentou como
candidato ao senado o vereador de Maceió, Pedro Marinho Muniz Falcão.
A campanha foi bastante disputada. Em Maceió a oposição ganhou com folga,
perdendo no interior. Com o voto controlado e a falta de estrutura do MDB não
foi possível derrotar o candidato governista, Teotônio Vilela. Em 1978, o MDB,
depois da proibição dos discursos na televisão, apresentou o advogado José
Moura Rocha, que disputou a eleição com três candidatos da ditadura: Luiz
Cavalcante, José Sampaio e Rubens Vilar. As vitórias eleitorais aconteciam
modestamente; em 1974 o MDB elegeu dois grandes parlamentares: o deputado
estadual Mendonça Neto e José Costa, federal.
Os dois valiam por uma bancada. Denunciaram tortura em presos políticos e
em presos comuns, assassinatos de presos custodiados. Foram as vozes e os ouvidos
do povo trabalhador das Alagoas. Em 1978 foi eleito deputado estadual o
estudante Renan Calheiros, Mendonça Neto se elegeu deputado federal e José
Costa se reelegeu deputado federal. Moura Rocha foi derrotado. Mas a traição do
deputado Vinicius Cansanção influenciou bastante no resultado final: ao
desistir de se candidatar ao Senado federal, o somatório dos votos das
sublegendas facilitou a reeleição do general Luiz Cavalcante.
A ditadura militar foi derrotada nas eleições para o Senado em 1974, quando
16 senadores foram eleitos em vários estados. Colocou as barbas de molho. Para
garantir 1/3 das vagas o regime militar criou um canhestro artifício: o da
“eleição” do senador biônico. No caso alagoano a vaga ficou com Arnon de Mello.
Como registro histórico eis alguns dos senadores da oposição eleitos em 1974:
Orestes Quércia em São Paulo, Paulo Brossard no RS, Marcos Freire em PE, Itamar
Franco em MG, entre outros.
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